segunda-feira, 14 de maio de 2007

Cine_Debate 1

Nem só de testes e gabaritos pode viver este blog. Portanto, vamos a duas fotinhos que ilustram o evento do último dia 6, quando alunos e professores se reuniram para assistir a um filme e analisá-lo de maneira interdisciplinar.

Desta vez, o filme escolhido foi "Sonhos Tropicais", produção de 2001, dirigida por André Sturm, que conta a história de uma polonesa que chega ao Brasil no início do século XX, à procura de um marido, mas descobre que fora vendida para se tornar prostituta. Mais do que esse enredo - que, de fato, remete ao que ocorria com as famosas "polacas" -, o filme fala sobre o contexto da época: governo Rodrigues Alves, surtos de febre amarela e peste, Reforma Pereira Passos, sanitarismo de Oswaldo Cruz, Revolta da Vacina.

O professor Mont faz uma pausa para reflexão

Após o filme, em cada unidade, uma equipe de três professores fez uma breve apresentação para iniciar a discussão. Os professores de Redação (Rafael Pinna na Barra e eu em Botafogo) falaram sobre aspectos interpretativos, explicando como a estética do filme favorece um tipo de catarse por metonímia, estabelecendo uma ponte entre o enredo e a história com "H" maiúsculo. Depois, os professores de História (Bruno Marques na Barra e Montgomery em Botafogo) aproveitaram todos os "ganchos" do filme para aprofundar os eventos no início do século XX, mostrando como as linhas de força são complexas e envolvem mais fatores e interpretações do que, às vezes, os livros didáticos dão a entender. Finalmente, os professores de Biologia (Manoel Afonso na Barra e Bruno Zeitone em Botafogo) explicaram a origem da vacina e sua lógica de funcionamento, o que lhes permitiu falar um pouco sobre as novas técnicas de vacinação e algumas questões referentes à saúde pública.

Bruno Marques e Rafael Pinna observam mestre Manoel Afonso falando

Mas o melhor mesmo veio com o debate. Em ambas as unidades, falou-se sobre a oposição entre "liberdade inidividual" e "ação do Estado" em situações extremas. Até que ponto o governo teria o direito de invadir a privacidade das pessoas, impondo-lhes uma vacinação? Por outro lado, como resolver situações de epidemia, que colocam em risco a vida de muita gente, sem ações enérgicas? Mais do que resolver esse problema, foram surgindo argumentos e analogias com outras situações (terrorismo, legalização de drogas, voto obrigatório), cujo efeito foi o mais saudável possível: exercitar o pensamento crítico e aprofundar um debate relevante ainda hoje. Diante disso, só resta esperar que o próximo Cine_Debate seja tão produtivo quanto este primeiro.

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